Gabriel Andrada é jovem, seminarista, recém casado, e cheio de ideais. Escreveu a um certo pastor perguntando qual a receita para uma igreja bem sucedida, este lhe respondeu:
1) Um pastor carismático.
2) Um bom prédio em uma boa localização.
3) Acesso à mídia. Que a nova igreja tenha programa de rádio ou de televisão.
4) Teologia da Prosperidade. Que o pastor não tenha escrúpulo de prometer milagre à granel. (Ricardo Gondim)
A igreja de Filipos era a alegria e a coroa do ministério de Paulo. Aquela igreja nasceu num parto de dor, mas trouxe-lhe muitas alegrias. Foi a igreja que se associou com ele desde o início para socorrê-lo em suas necessidades. Foi uma igreja sempre presente e solidária.
Vamos aprender por meio das recomendações de Paulo como ser uma igreja bem sucedida.
Receita para uma Igreja bem sucedida
(TEXTO: Filipenses 4:1-9)
I. A FIRMEZA NO SENHOR. (4:1)O apóstolo Paulo ainda continua com o mesmo raciocínio. Porque os crentes são cidadãos do céu, eles devem ter coragem na terra para serem firmes. Na igreja de Filipos havia perigos internos e externos.
A esperança e a perspectiva que cada crente possuí em relação à vida eterna, devem ser afirmados e fazer com que sejamos constantes em nossa carreira cristã. Estar firmes no Senhor significa firmarmo-nos em sua força e por sua graça. (Henry)
A palavra grega que Paulo usa para “estar firmes” é stekete. Essa palavra era aplicada ao soldado que permanecia firme em seu ímpeto na batalha frente a um inimigo que queria superá-lo. A igreja deveria colocar a sua confiança no Senhor Jesus. A igreja deve permanecer firme no Senhor por causa de sua e vocação celestial (3:20-21).
2. ACORDO NOS RELACIONAMENTOS. (4:2-3)Evódia e Síntique eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja, que havia se esforçado com Paulo no evangelho e cujos nomes estavam escrito no livro da vida, mas, agora, estavam em desacordo na igreja. (Evódia significa “doce fragrância” e Síntique “boa sorte”)
O desacordo entre essas duas irmãs, representava uma ameaça à unidade da igreja, como um todo. Paulo solicita ajuda de um líder da igreja, que ele não nomeia, para auxiliá-las a fim de construírem pontes em vez de cavar abismos. Precisamos exercer na igreja o ministério da reconciliação em vez de jogar uma pessoa contra a outra. Precisamos aproximar as pessoas em vez de afastá-las.
Não podemos estar unidos a Cristo e desunidos com os irmãos. “A irmandade do homem é impossível sem o senhorio de Cristo” (Barclay)
A igreja deve ser marcada pelo trabalho conjunto, pelo auxílio recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial acerca da igreja. O nome dos crentes está escrito no livro da vida e lá no céu não há divisão. A igreja na terra deve ser uma réplica da igreja do céu. O fato de irmos morar juntos no céu deveria nos ensinar a viver em harmonia na terra.
3. A ALEGRIA INCONDICIONAL (4:4)O apóstolo Paulo fala sobre duas características da alegria:
3.1- a alegria é uma ordenança e não uma opção. V.4
Ser alegre é um mandamento e não uma recomendação. O evangelho trouxe alegria, o reino de Deus é alegria, o fruto do Espírito é alegria e a ordem de Deus é: “alegrai-vos”.
3.2- A alegria é Cristocêntrica. V.4 “alegrai-vos sempre no Senhor”
Nossa alegria é uma pessoa e não ausência de problemas. Nossa alegria está centrada em Cristo. Quem tem Jesus experimenta essa verdadeira alegria. Ex. O homem limpando a lixeira.
“Pode-se compreender facilmente que a alegria do crente difere da do mundo, a qual é ilusória, frágil e apagada. Cristo chega mesmo a reputá-la maldita, Lucas 6:25. Portanto, só é autêntica aquela alegria em Deus que nunca nos pode ser tirada” João Calvino
4. A MODERAÇÃO CONHECIDA (4:5)O apóstolo Paulo fala à igreja sobre a necessidade de cuidarmos das nossas atitudes internas e das nossas reações externas. A moderação tem a ver com o controle do temperamento. Um crente não pode ser uma pessoa explosiva, destemperada e sem domínio próprio. Suas palavras precisam ser temperadas com sal, suas atitudes precisam edificar as pessoas e sua moderação precisa refletir o caráter de Cristo.
“Ninguém é tão mal-educado que não seja gentil com alguém por algum motivo, em alguma ocasião: o crente deve sê-lo ‘para com todos os homens’ e em todas as ocasiões” (Champlin citando Faucett)
“Teu espírito doce e cordato servirá de boa propaganda da tua fé cristã.” (Champlin citando Arnold)
5. NÃO ANDEIS ANSIOSOS. (4:6)A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de cinqüenta por cento das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. A ansiedade atinge adultos e crianças, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. Warren Wiersbe diz que a ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado a respeito das circunstâncias, das pessoas e das coisas. Ralph Martin diz que ansiedade é falta de confiança na proteção e cuidado de Deus.
Várias são as causas da ansiedade:
- Em primeiro lugar, a ansiedade é resultado de olharmos para os problemas em vez de olharmos para Deus.
- Em segundo lugar, a ansiedade rouba as nossas forças. Uma pessoa ansiosa normalmente antecipa os problemas. Ela sofre antecipadamente. O problema ainda não aconteceu e ela já está sofrendo. A ansiedade rouba a energia antes de o problema chegar. E quando o problema chega; se chegar, a pessoa já está fragilizada.
6. SUBSTITUA A ANSIEDADE PELA A ORAÇÃO. (4:6)Deus não apenas dá uma ordem: “Não andeis ansiosos”, mas oferece a solução. Se a ansiedade é uma doença, a oração é o remédio. William Hendriksen diz que o antídoto adequado para a ansiedade é abrir efusivamente o coração a Deus.
O próprio Senhor Jesus nos ensinou: “Pedi e dar-se-vos-á…” e “Tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei”. Tiago escreveu: “Nada tendes, porque nada pedis”.
“Não há nada muito grande para o poder de Deus nem muito pequeno para seu cuidado paternal.”
7. VIVENDO NA PAZ DE DEUS. (4:7)Pela oração, a paz de Deus ocupa o lugar que antes a ansiedade tomava conta. A oração aquieta o nosso interior e muda o mundo ao nosso redor. O mesmo coração que estava cheio de ansiedade, pela oração, agora está cheio de paz.
F. F. Bruce diz que a paz de Deus pode significar não apenas a paz que ele mesmo concede, mas a serenidade em que o próprio Deus vive: Deus não está sujeito à ansiedade.
7.1- A paz de Deus transcende a compreensão humana (4.7)“A paz de Deus — diz Paulo — ultrapassa todo entendimento. Isto não significa que a paz de Deus seja um mistério de tal índole que a mente humana não possa entendê-la, o que também é verdade, significa que a paz de Deus é tão preciosa que o entendimento humano com toda sua habilidade, conhecimento e penetração jamais pode inventá-la, encontrá-la ou produzi-la. Esta paz nunca pode ser um produto humano, é só um dom de Deus. O caminho rumo à paz é levar tudo o que é nosso e a todos os que queremos para depositá-los confidencialmente nas mãos de Deus mediante a oração.” (William Barclay)
Esta é a paz que Paulo sentiu ao caminhar para a guilhotina, dizendo: “A hora da minha partida é chegada. Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Agora, a coroa da justiça me está guardada…” (2Tm 4.6-8).
7.2- A paz de Deus é uma sentinela celestial ao nosso redor (4:7)A palavra grega frourein é um termo militar para estar em guarda. Assim, “guardar” traz a idéia de uma sentinela, um soldado na torre de vigia, protegendo a cidade. A paz de Deus é como um exército protegendo-nos dos problemas externos e dos temores internos. Paulo diz que esta paz guarda os nossos corações (sentimentos errados) e nossas mentes (pensamentos errados), as nossas emoções e a nossa razão.
William Hendriksen comentando este texto, escreve: Os filipenses estavam acostumados a ver as sentinelas romanas a montarem guarda. Assim também, se bem que num sentido muitíssimo mais profundo, a paz de Deus montará guarda à porta do coração e da mente.
8. GUARDANDO O PENSAMENTO. (4:8)Pensamentos errados levam a comportamento errado. As nossas maiores batalhas são travadas no campo da mente.
8.1- Tudo o que é verdadeiro.A palavra grega alethe pode significar “verdade” em oposição àquilo que é irreal, insubstancial, ou “verdade” em oposição à falsidade. Tudo o que é verdadeiro, aqui, possui as qualidades morais de retidão e confiança, de realidade em contraposição à mera aparência.
8.2- Tudo o que é respeitável. A palavra grega é semnos, traz a idéia de alguém que vive neste mundo com uma profunda consciência de que o universo inteiro é um santuário e tudo o que ele faz deve ser um culto a Deus.
8.3- Tudo o que é justo. A palavra grega dikaios enfatiza aqui uma correta relação com Deus e com os homens. Os crentes devem pensar com retidão, diz Hendriksen.
8.4- Tudo o que é puro. A palavra grega hagnos descreve o que é moralmente puro e livre de manchas. Ritualmente descreve algo purificado de tal maneira que se faz apto para ser oferecido a Deus e usado em seu serviço.
8.5- Tudo o que é amável. A palavra grega prosphiles traz o significado de agradável, aquilo que suscita amor. São aquelas coisas que proporcionam prazer a todos, não causando dissabor a ninguém, à semelhança de uma fragrância preciosa, diz F. F. Bruce.
8.6- Tudo o que é de boa fama. A palavra grega euphemos significa literalmente “falar favoravelmente”. No mundo há demasiadas palavras baixas, falsas e impuras. Nos lábios do cristão e em sua mente devem existir somente palavras que são adequadas para ser ouvidas por Deus.
8.7- Se alguma virtude há e se algum louvor existe seja isso que ocupe o vosso pensamento. Ao invés de continuar sua seleção, Paulo resume, agora: “se alguma virtude há”, do grego arete, cujo significado é: “virtude moral” e “se algum louvor existe”, do grego epainos, “aquilo que merece louvor ou que inspira a aprovação divina”. Ambos os termos descrevem as qualidades que devem marcar as atitudes e ações dos crentes.
9. PRATICANDO O QUE SE APRENDE. (4:9) Warren Wiersbe diz que não é possível separar atos exteriores de atitudes interiores. Há uma íntima conexão entre: “Seja isso que ocupe o vosso pensamento” (4:8) e “praticai” (4:9).
Paulo considera quatro atividades: aprender e receber, ouvir e ver. Uma coisa é aprender a verdade e outra bem diferente é recebê-la e assimilá-la. Não basta ter fatos na cabeça, é preciso ter verdade no coração. Ao longo do seu ministério, Paulo não apenas ensinou a Palavra, mas também a viveu na prática para que seus ouvintes pudessem vê-la em sua vida. Paulo entende que o exemplo pessoal é parte essencial do ensino.
CONCLUSÃOA conclusão do apóstolo Paulo é majestosa. Além de termos a paz de Deus para nos guardar, agora temos o Deus da paz para nos guiar. Não apenas temos uma harmonia bendita em lugar da ansiedade, mas temos também a companhia divina na caminhada.
Corretamente Bruce Barton diz que muitas pessoas hoje procuram ter paz com Deus sem ter um relacionamento com Deus, que é o autor da verdadeira paz. Isso, porém, é impossível. Para experimentar a paz, precisamos primeiro conhecer o Deus da paz.